sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Noticias da Casa das Áfricas

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Mundo árabe
Egito ou a pirâmide invertida
René Naba
Hosni Mubarak está há trinta anos no poder. Este ex-chefe da aviação promovido a presidente, sucedeu em 1981 a Anwar el Sadat, quem tinha sido assassinado. Desde então, o Egito, Misr Um ad Dunia [Mãe do mundo], cuja história se confundia com a epopeia, já é apenas uma sombra de si mesmo, um país irreconhecível que interiorizou sua derrota, consagrado ao papel pouco glorioso de subcontratante da diplomacia norte-americana, o factórum das exigências de segurança de Israel, o ponto fraco do mundo árabe.
Localizado onde se articulam a costa asiática e a africana, também controlador dos dois principais eixos de comunicação da região, o Nilo e o Canal de Suez, o Egito foi durante muito tempo a ponta de lança da luta nacionalista árabe. Centro da diplomacia árabe assumiu sem descanso o papel de regulador de turbulências, o padrinho dos seus acordos.
Mas o país que durante muito tempo foi o pesadelo do Ocidente, revelou-se sob Mubarak um anão diplo mático, o fantoche da estratégia israelo-estadunidense, curiosa mutação deste país em meio século, de Nasser a Mubarak.
O Cairo, a retaguarda dos principais movimentos de libertação do mundo árabe e africano - da Argélia ao Iêmen do Sul e o Congo -, o país que exorcizou o complexo de inferioridade militar árabe em relação a Israel, parece ter sido afetado de elefantíase diplomática a julgar pelo seu comportamento vergonhosamente pusilânime durante os últimos dois confrontos entre israelenses e árabes: a guerra de destruição israelense do Líbano em 2006 e a guerra de destruição israelense de Gaza em 2008.
Mubarak, por sua vez, passará à história por ter apoiando todas as intervenções militares dos EUA contra os países árabes, durante a primeira Guerra do Golfo contra o Iraque em 1990, e durante a invasão do Iraque em 2003. É também o homem que levantou o muro que confina os palestinos em Gaza.
Egito goza de uma estratégica renda do s EUA de três bilhões de dólares por ano. [Foto: muro que divide Egito de Gaza] Leia mais

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As expressões mutáveis do racismo no continente africano
María Daniela Cortes
Estudos historiográficos recentes advertiram as limitações de estudar a "raça" apenas a partir dos aspectos do fenótipo. Embora as diferenças na cor da pele sejam reais, as regras para organizar essas classificações devem ser entendidas como construções sociais. Assim, o rótulo racial é essencialmente um ato social e cultural de interpretação, e como tal só pode ser compreendido dentro de um contexto histórico particular.
Na perspectiva de Michel Foucault, abordar a questão do racismo é construir uma história dos que carecem de poder, dos excluídos, porque pensar o mundo em termos de raça implica estabelecer uma separação com o outro.
Em suma, o racismo implica a constatação das diferenças, na sua materialização no âmbito social, político e econômico, bem como nos argumentos dascondutas de rejeição, de exclusão e de extermínio.
O papel fundamental do racismo, desde a sua primeira aparição na época do tráfico negreiro, tem sido a negação da participação social, política e econômica a este grupo e a legitimação das várias formas de exploração. Ao longo deste processo, entretanto, o fato social mais significativo é, sem dúvida, a exacerbação da cor como critério cotidiano social. Pois, ser classificado como branco, era em si um indicador da condição de livre. Em definitiva, a noção de "cor" herdada desta época, não designava, especificamente, tons de pigmentação ou diferentes graus de mestiçagem, tentava definir lugares na sociedade, nos quais a etnia e a condição social eram indissociáveis.
Fica evidente que não são as diferenças físicas observáveis entre os grupos humanos que criam sozinhas noções populares de raça numa dada sociedade, mas o significado social, mais ou menos consensual e consciente, de que essas diferenças são socialmente relevantes. Para cada face do racismo há um fundo de exploração econômica. [Foto: Frantz Fanon, autor de "Pele negra, máscaras brancas", 1952]

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Biodiversidade
Matança de tubarões no Mar Vermelho
Cam McGrath
Seis barcos pesqueiros iemenitas, capturados no mês passado em águas territoriais do Egito, causaram preocupação por sua carga incomum: vários quilômetros de linha de pesca e mais de 20 toneladas de carne de tubarão.
A captura desses barcos forneceu mais evidências sobre a pesca comercial de tubarões no Mar Vermelho. Mais de 73 milhões são capturados por ano para alimentar um mercado que os deixa em risco de extinção. Os pescadores dão pouco valor à carne do tubarão, já que tem muito ácido úrico. Mas as barbatanas, usadas em sopas, constituem um manjar na Ásia, onde é vendido, por exemplo, a mais de US$ 100 o prato em Hong Kong.
Embora este prato seja consumido há séculos, o sucesso econômico da Ásia oriental nas últimas décadas levou a um aumento da demanda. O número de consumidores cresceu de poucos milhões nos anos 80 para mais de 300 milhões hoje em dia.
Os tubarões são predadores que têm importante papel na regulação das p opulações marinhas.
O lento ciclo reprodutivo dos esqualos os torna especialmente vulneráveis diante da pesca excessiva. Os tubarões se reproduzem de forma muito lenta e têm apenas umas poucas crias. Algumas espécies, como o tubarão-martelo, foram praticamente exterminadas na região. Quando a quantidade de animais diminui em uma área marítima, os pescadores comerciais se dirigem a outras. Nos últimos anos, as operações se concentraram no Mar Vermelho, lar de algumas das últimas populações saudáveis de tubarões do planeta.
Em 2005, o Egito proibiu esta prática e muitos a abandonaram. Porém, nos últimos meses aumentou a presença de pescadores ilegais no Mar Vermelho.
O Egito proíbe a pesca de esqualos a menos de 20 quilômetros da linha costeira, mas não há limites legais para a captura no resto do Mar Vermelho. Capitães de navios relatam que a prática está "fora de controle" nas águas do Sudão e da Eritréia. [Foto: barbatanas de tubarões para mercado asiático]

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